Com nossa recente experimentação de um período pandêmico, a questão do caixa das empresas ficou muito evidente, já que muitas só permaneceram vivas e funcionando porque tinham uma reserva de valores para momentos onde o faturamento caiu a zero. Ficar sem vender durante meses foi uma realidade pra muita gente, e isso trouxe a luz um assunto bastante presente nos livros de gestão financeira, a tal da reserva de emergência.  Surgiram também, várias pessoas dando dicas sobre o assunto e falando como fazer uma reserva de emergência, porém aqui vamos discorrer sobre uma técnica prática e que já sabemos que deu resultado para muitas empresas. Não existe um padrão, mas vamos abordar um forma que é baseada em 3 passos e de fácil entendimento.

Primeiro passo: Dimensionar

Para fazer algo, precisamos primeiro saber o “tamanho”, e para isso, é necessário ter claro o conceito de reserva de emergência. Em palavras bem simples, trata-se de uma quantidade de dinheiro, um valor, capaz de cobrir todos os gastos fixos da empresa durante um determinado período de tempo. Opa, já surgiu uma coisa nova aí, gastos fixos, então vamos falar deles antes de explicar a própria reserva. Os gastos fixos são a soma de tudo que empresa paga durante o mês, ela produzindo ou não, vendendo ou não vendendo. Para encontrar o valor desse somatório, precisamos fazer uma lista relacionando itens como água, luz, telefone, internet, aluguel, salários, honorários, entre outros. É muito importante, nesse momento, considerar o pró-labore, ou seja, o salário do sócio gestor, ele precisa estar somado nessa conta. Se você precisa de uma ajuda com essa classificação, clique aqui e baixe o nosso modelo.  Com o número “na mão”, voltamos à reserva de emergência, e para ficar fácil de entender, ela é simplesmente a multiplicação desse valor encontrado pela quantidade de meses na qual queremos que a nossa empresa esteja resguardada. Muitas literaturas trazem este período como seis meses, porém, cada tipo de negócio tem a sua particularidade e é difícil pôr uma regra geral . Para quem não tem nada, costumamos dizer que três meses já é um bom começo. Vamos a um exemplo prático para selar o entendimento. Digamos que depois de pronta a lista, encontramos um valor de R$ 10.000,00 somando todos os gastos fixos. Isso quer dizer que para sustentar a empresa por três meses, vamos precisar de R$ 30.000,00 (3 meses X R$ 10.000,00 por mês = R$ 30.000,00, simples assim). Beleza, já sabemos de quanto precisamos de reserva de emergência, agora partimos para os próximos passos que é como construí-la.

Segundo passo: Planejar

Sabendo de quanto precisamos juntar para ter nossa reserva de emergência, precisamos pensar numa estratégia de como acumular esse o valor.  Com certeza não se trata de uma coisa feita do dia pra noite (se você tinha essa expectativa, esqueça!) então normalmente indicamos um prazo de um ano como saudável para isso. Vamos às contas, vocês verão que a ideia é simples, ter disciplina para execução que é complicado. Pegaremos o valor de R$ 30.000 usados no exemplo anterior como base, e dividiremos pelos 12 meses deste ano de construção da reserva, pronto, é só isso, teremos uma prestação de R$ 2.500 para pagar, mensalmente, para nossa empresa. Caraca, agora alguns devem ter se perdido nessa história. Mas é isso mesmo, temos que nos comprometer a pagar uma cota à nossa própria empresa, durante um ano, para ter uma reserva de emergência. E agora, qual a melhor forma de fazer isso? Vamos ao próximo e último tópico que falaremos de como pôr em prática.

Terceiro passo: Executar

Não existe uma formula mágica de gerar um compromisso do gestor da empresa com a tal da reserva de emergência, mas têm alguns mecanismos que contribuem para que efetivá-lo com maior fluidez, digamos assim. A ideia é a seguinte: criar uma conta paralela, pode ser uma poupança, de investimentos ou uma conta sem tarifa em um banco digital e transferir, preferencialmente de forma automática, o valor mensalmente para ela. Só isso, nada mais. Caso a conta não seja uma poupança, os mecanismos de rendimentos de juros devem ser habilitados, para que gere pelo menos um pouquinho de juro que vai reduzir o impacto da inflação. Outra dica, caso se utilize de um banco digital para isso, com ele é possível criar boletos gratuitos e coloca-los no fluxo de pagamentos, aí este simbolismo de pagar à própria empresa fica ainda mais evidente. Neste momento muita gente que está lendo vai dizer que o problema não é o ato de pagar, e sim valor mensal que não pode ser disponibilizado, e que a empresa não tem recursos para isso. Bom, aí vem aquela decisão, se a empresa não tem capacidade de criar um pequeno fundo para ela mesma seguir existindo, com o perdão da redundância, será que ela deve seguir existindo?

“Pra quem está lendo, eu sei que escrever tudo isso é fácil e fazer é difícil, porém, tudo na vida começa de uma ideia lançada, uma semente plantada, e esse é o objetivo final deste texto.”